HISTÓRIA Nº. 22
A VOZ…
Março. Sexta-feira.
Mau tempo. Vento, chuva e frio, muito frio. De regresso a casa para o almoço, caminhando
pelas ruas da baixa portuense, o Alemão
observou o frenético movimento do fim da manhã. Turistas e mais turistas. Selfies e mais selfies. Risinhos e mais risinhos. Algum histerismo. Fim de semana
à vista e a consequente possibilidade da prática de alguns excessos, seja lá o
que isso for. E pensa na enorme superfluidade e artificialidade que a tantos e
por tão pouco entusiasma. Talvez o lado mais apreciado da vida… a verdade da
mentira!
Mas para muitos,
a verdade, essa, é bem diferente. Tempo de “o
homem só”. O silêncio cresce, doentio. Como espessa sombra vai impedindo a
manifestação do sol, entristecendo a
vida e separando as pessoas. Como erva daninha vai tomando todo o campo
produtivo, prenunciando miséria e recriando a ideia do “salve-se quem puder”. Como praga envenenadora do ar, vai promovendo
em muitos o abandono de lugares seguros por troca com outros desconhecidos e,
por isso, de segurança duvidosa. O egoísmo em todo o seu esplendor. E o pior de
tudo: “Nem há entre nós alguém que saiba até quando isto durará”
(Salmo de David).
Hoje, algumas
vezes, o Alemão até das poucas palavras que pronuncia se arrepende, não vá o diabo tecê-las…. Escolheu mal a profissão, certamente. E o
que tinha como vocação possivelmente não o era...
Um castrador silêncio
tem vindo a emudecer homens bons que o Alemão
conheceu/conhece e cujas vozes-palavras-conselhos, em muitas ocasiões, lhe
encheu a alma. A morte levou alguns. A outros levou-os a própria vida…
O Alemão espera nunca deixar de ouvir a VOZ que é sobre todas as vozes!...
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