sexta-feira, 2 de março de 2018






HISTÓRIA Nº. 22


A VOZ…


Março. Sexta-feira. Mau tempo. Vento, chuva e frio, muito frio. De regresso a casa para o almoço, caminhando pelas ruas da baixa portuense, o Alemão observou o frenético movimento do fim da manhã. Turistas e mais turistas. Selfies e mais selfies. Risinhos e mais risinhos. Algum histerismo. Fim de semana à vista e a consequente possibilidade da prática de alguns excessos, seja lá o que isso for. E pensa na enorme superfluidade e artificialidade que a tantos e por tão pouco entusiasma. Talvez o lado mais apreciado da vida… a verdade da mentira!

Mas para muitos, a verdade, essa, é bem diferente. Tempo de “o homem só”. O silêncio cresce, doentio. Como espessa sombra vai impedindo a manifestação do sol, entristecendo a vida e separando as pessoas. Como erva daninha vai tomando todo o campo produtivo, prenunciando miséria e recriando a ideia do “salve-se quem puder”. Como praga envenenadora do ar, vai promovendo em muitos o abandono de lugares seguros por troca com outros desconhecidos e, por isso, de segurança duvidosa. O egoísmo em todo o seu esplendor. E o pior de tudo: “Nem há entre nós alguém que saiba até quando isto durará” (Salmo de David).

Hoje, algumas vezes, o Alemão até das poucas palavras que pronuncia se arrepende, não vá o diabo tecê-las…. Escolheu mal a profissão, certamente. E o que tinha como vocação possivelmente não o era...

Um castrador silêncio tem vindo a emudecer homens bons que o Alemão conheceu/conhece e cujas vozes-palavras-conselhos, em muitas ocasiões, lhe encheu a alma. A morte levou alguns. A outros levou-os a própria vida…

O Alemão espera nunca deixar de ouvir a VOZ que é sobre todas as vozes!...






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