HISTÓRIA Nº. 24
A gente percebe…
A gente percebe.
Lamentavelmente, percebe-se que acham que a gente não percebe. A quase bondade no olhar. A quase pureza nas palavras. A quase preocupação nos gestos. A quase sinceridade nas discussões e consequentes decisões, já
previamente concebidas. A quase transparência nas sugestões sobre
as mais diversas situações. A gente percebe os quase tudo… em tudo. A gente
percebe que os quase tudo são nada.
Mas pretende-se dar a ideia de que são muito. O Alemão está cansado deste mundo
dos quase. Percebe que as aparências não são o resultado do que
verdadeiramente é sentido. Nem sequer o são quase…
“Não há mal que sempre dure”, diz o
nosso povo do alto da sua sabedoria. Está quase
a passar, deseja-se. Mas o Alemão
percebe que o mundo tomou o caminho dos quase
onde sobreviver acabará por merecer, em breve, o estatuto de missão quase impossível.
A gente percebe
que até a Primavera é apenas quase Primavera.
As flores não aparecem. As árvores não se vestem. Os pássaros não cantam. O
tempo não ameniza. Mas há quem preveja que o bom tempo está quase a chegar…
A propósito. Imagem
dos bons amigos, companheiro indefetível de todas as horas, o Chiquinho II, canário
que a amiga Conceição lhe ofereceu em substituição do Chiquinho I que a idade
levou, canta em qualquer situação. No escritório doméstico do Alemão, canta vivamente até que a voz lhe doa, como diz o poeta.
Das 7 da manhã, tipo despertador, até ao final do dia. Não é o canto
desesperado do rouxinol, Alma Perdida, de Florbela Espanca, não. É o canto
límpido e decidido, mas doce, de quem não é quase
companheiro. É talvez o canto de alguém que faz questão de lembrar
que está por perto… O Alemão gostaria de conhecer a letra desta canção!...
https://youtu.be/9-ssGluKcfo
ResponderEliminarA harmonia do quase, num canto amigo...
Parabéns pelo texto.
Abraço amigo
Penso que a autenticidade da nossa crença interior, nos faz vibrar e trazer ao de cima, aquilo que de recôndito permanece na nossa alma!
ResponderEliminarOs "quases" tudo desta vida, podem ser peripécias da mesma, mas dão-nos a capacidade de analisar os "capítulos" seguintes... e o canto límpido do nosso "eu", habitará nos jardins do nosso coração.
Abraço amigo (sem quase abraço).
Abraço amigo