HISTÓRIA Nº. 118
As lágrimas…
“Há um
tipo de choro bom e há outro ruim. O ruim é aquele em que as lágrimas correm
sem parar e, no entanto, não dão alívio. Só esgotam e exaurem. (…) Homem chorar
comove. Ele. O lutador, reconheceu sua luta às vezes inútil. Respeito muito o
homem que chora. Eu já vi homem chorar.”
- Clarice
Lispector
A Faneca da Pedra é um dos
seus refúgios. Nela vai registando os seus estados de alma, as lágrimas de
choros bons e de choros ruins, algumas das suas mais gratas recordações, alguns
dos mais marcantes acontecimentos da sua vida… e até os seus gritos mais silenciosos,
sem limites de decibéis, inaudíveis aos desalinhados, embora haja ouvidos
mais sensíveis que os escuta e compreende. Não desconhece que o estilo, quase
sempre enigmático, reduz o interesse de eventuais seguidores. Mas, como disse
pelo passado, “o Alemão escreve para si mesmo”. Uma coletânea de simples
textos que compartilha com os amigos que resistem, ainda.
A passo lento vence o percurso de
cada dia: umas vezes sem que nada, mesmo nada, aconteça; outras, intensas e
cansativas pelo uso e abuso de tanta pontual utilização alheia… O importante
é estar sempre pronto para tudo e, sobretudo, para nada! Em estado de alerta,
suportando pacientemente o acentuado desgaste de expetativas tantas vezes vazias,
tantas vezes inúteis, aniquiladoras de sãos sentimentos. A tristeza silenciada
perante a ferocidade das adversidades que ganham cada vez mais espaço no mundo.
Não resiste à reprodução de um poema de Miguel Torga, seu autor favorito, que deixa perceber a sua definitiva desistência perante a impossibilidade de alterar o inalterável:
“Agora,
O remédio é partir discretamente,
sem palavras,
sem lágrimas,
sem gestos.
De que servem lamentos e protestos
Contra o destino?”
- Miguel Torga
Noite alta, sono ausente, preocupações vivas… e o amanhecer ainda distante. De repente, o silêncio interrompido
por um indicador de chegada de mensagem. Alguém, no mesmo fuso horário, mas a
muitos quilómetros de distância, informava carinhosamente: “Deus acabou de
me despertar para orar pelo irmão” – eram 3 horas e 37 minutos… O Alemão
não ficou indiferente!
Às palavras de Clarice Lispector – Choros
ruins -, de Miguel Torga – Sem lágrimas –, junta, agora, as palavras
luminosas de William P. Young, in A Cabana: “Jamais desconsidere a maravilha
das suas lágrimas. Elas podem ser águas curativas e uma fonte de alegria.
Algumas vezes são as melhores palavras que o coração pode falar.”
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