HISTÓRIA Nº. 112
Preocupa a incerteza…
“Tento
concentrar-me numa daquelas sensações antigas como alegria ou fé ou esperança.
Mas só fico aqui parado, sem sentir nada, sem pedir nada, sem querer nada”.
- Caio
Fernando Abreu
Em raras aparições, têm-no visto ao
longe, sempre bem acompanhado pela sua fiel solidão. Abúlico, desinteressado,
distraído… Cansaço?!
Indescritível a parte do percurso a que
chegou. Nuvens negras e baixas impedem o acesso da luz que sempre lhe mostrou
claramente as definições do seu caminho e lhe assegurou a firmeza de cada passo
dado. Prudentemente, fica parado até que, da vitória do Sol sobre tais
espessas trevas, ressurjam “aquelas sensações antigas como alegria ou fé ou
esperança” que por muitos anos lhe alimentaram o ser. Por ora, apenas espera:
“sem sentir nada, sem pedir nada, sem querer nada”.
O Alemão sabe que é observado
nas suas reações, simples ou complexas, ou até na ausência delas. Mas não o
preocupa as conclusões erróneas a que chegam tantos olhares que não vêm,
assim como inúmeras palavras falaciosas que nada dizem. Sustenta-se
sofregamente do passado que tanto sublima e no qual foi formado.
Lamenta, sim, profundamente, a desvalorização
de sãos princípios cuja perenidade ninguém deveria questionar. As mudanças a que
assiste e as que se anunciam em nome de um avanço inevitável e que ninguém sustem,
sacrificam no altar de interesses ainda pouco conhecidos valores sagrados que
apoiaram a sua geração durante anos e anos. Preocupa a incerteza!
“O que seria do ser humano se não
fosse as lembranças saudosas dos bons tempos!” – Camila de Azevedo.
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