terça-feira, 19 de março de 2024

HISTÓRIA Nº.  111

 


O homem e os sonhos…

 


“Que o medo da solidão se afaste

E que o convívio comigo mesmo

Se torne ao menos suportável;

Que o espelho reflita em meu rosto

Um doce sorriso que me lembro ter dado na infância;

Porque metade de mim é a lembrança do que fui,

A outra metade eu não sei…”

 - Osvaldo Montenegro

 

 

Parafraseando o poeta Fernando Pessoa, mais precisamente Álvaro de Campos, seu heterónomo, o Alemão também “teve em si todos os sonhos do mundo”. Chegou mesmo a confessar, numa das suas primeiras Histórias aqui publicadas, que na adolescência “dormia para sonhar”, única via de acesso ao lugar virtual onde idealizava e construía os seus desejos, aquilo que mais pretendia para a sua vida. Mas já há muito que não dorme para não sonhar!...

 

Alguns daqueles sonhos materializaram-se e enriqueceram-lhe a vida; outros apenas alimentaram por um tempo expetativas que acabaram por se revelar frustradas. Nada que não tenha acontecido a tantos amigos que acompanham o Alemão nestas simples deambulações pela memória das “coisas” relacionadas com a existência humana.

   

Ultimamente, - talvez sinais de envelhecimento!? -, o Alemão percebe que quanto mais distante tenta projetar o olhar, menos alcança. O longe, que tantas vezes se fez perto, já não o atrai, nem um pouco. O mundo, o seu mundo, reduz-se a olhos vistos, enclausurando-o num espaço cada vez mais pequeno, mas que ainda lhe é suficiente. Os mares e os ares que em tempos cruzou já não lhe são apelativos, perderam a graça… A realidade atual desaconselha devaneios!

 

Chamaram-lhe “sonhador” na adolescência, “poeta” na juventude, “tristonho” na fase intermédia, “pensador” nos tempos atuais. Talvez amanhã os amigos lhe definam outro cognome…



 

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