HISTÓRIA Nº. 111
O homem e os sonhos…
“Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo
Se torne ao menos suportável;
Que o espelho reflita em meu rosto
Um doce sorriso que me lembro ter
dado na infância;
Porque metade de mim é a lembrança do
que fui,
A outra metade eu não sei…”
- Osvaldo Montenegro
Parafraseando o poeta Fernando
Pessoa, mais precisamente Álvaro de Campos, seu heterónomo, o Alemão também
“teve em si todos os sonhos do mundo”. Chegou mesmo a confessar, numa
das suas primeiras Histórias aqui publicadas, que na adolescência “dormia
para sonhar”, única via de acesso ao lugar virtual onde idealizava e construía
os seus desejos, aquilo que mais pretendia para a sua vida. Mas já há muito que não
dorme para não sonhar!...
Alguns daqueles sonhos
materializaram-se e enriqueceram-lhe a vida; outros apenas alimentaram
por um tempo expetativas que acabaram por se revelar frustradas. Nada que não
tenha acontecido a tantos amigos que acompanham o Alemão nestas simples deambulações
pela memória das “coisas” relacionadas com a existência humana.
Ultimamente, - talvez sinais de
envelhecimento!? -, o Alemão percebe que quanto mais distante tenta projetar
o olhar, menos alcança. O longe, que tantas vezes se fez perto,
já não o atrai, nem um pouco. O mundo, o seu mundo, reduz-se a olhos vistos,
enclausurando-o num espaço cada vez mais pequeno, mas que ainda lhe é
suficiente. Os mares e os ares que em tempos cruzou já não lhe são apelativos, perderam
a graça… A realidade atual desaconselha devaneios!
Chamaram-lhe “sonhador” na
adolescência, “poeta” na juventude, “tristonho” na fase
intermédia, “pensador” nos tempos atuais. Talvez amanhã os amigos lhe
definam outro cognome…
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