HISTÓRIA Nº. 113
“A solidão
não é forçosamente negativa, pelo contrário, até me parece um privilégio.
Talvez a minha solidão seja excessiva, mas eu detestei sempre as coisas
mundanas. Estar com as pessoas apenas para gastar as horas é-me insuportável.”
- Eugénio
de Andrade
Escasseiam à vista os lugares autenticamente
tranquilos da vida. Difíceis de encontrar, não porque não existam, mas porque estão
encobertos por um imenso manto de indiferença por parte de quem os não aprecia,
admirando, por outro lado, a agitação deste tempo. Pesquisa perseverante
do Alemão, levou-o ao encontro de esconderijos interessantes. Descobriu-os
pacientemente no meio da solidão que tantos lhe censuram, mas que lhe tem dado
condições saudáveis de não ver, de não ouvir, de não falar.
Aqueles espaços que privilegia, conserva-os
irrevelados, inacessíveis. Desfruta-os longe de perturbações. Valioso património
pessoal que o mantem distante da curiosidade de quem acredita tudo saber. Assim,
procura manter o seu mundo cuidadosamente protegido, no meio deste mundo
em acentuada e perigosa desconstrução.
“O mal é a ausência do homem no homem”
– Eugénio de Andrade.
Melhor definição sobre a atual degradação da sociedade será difícil de
encontrar. A irreprimível desumanização e o fluir de um rol de
consequências imprevisíveis, mas inevitavelmente perversas, acentuam preocupantes egoísmos que,
lamentavelmente, já se notam traduzidos na velha expressão: “salve-se quem
puder”!
O Alemão termina esta metáfora
com a palavra doce do poeta que admira e o inspirou nestes dizeres que, como
todos os anteriores, dirige carinhosamente aos seu amigos, sem exceção: “Sê
paciente, espera que a palavra amadureça e se desprenda como um fruto ao passar
o vento que a mereça” - Eugénio de Andrade.
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