sexta-feira, 8 de dezembro de 2023



HISTÓRIA Nº. 104

 

Paz na terra aos homens de boa vontade. Isto é, paz para muito poucos…

 

 

“O silêncio é um retiro; é o elemento necessário para o descanso; é um portal para o outro mundo onde tudo se percebe, onde o ruído pede trégua e onde ficamos mais ricos com os ensinamentos do vazio; e é no vazio do silêncio onde encontramos a oportunidade de se escutar com os olhos para podermos educar a alma. Psiiiiuuuuu!”

Ricardo Fisher

 

A vista cansada do Alemão já não lhe permite ver grande coisa; nem ao perto nem ao longe! Ainda assim, o que vai conseguindo observar, mesmo que desfocado, permite-lhe conclusões nítidas sobre o que o rodeia. Os amigos conhecem o seu estilo narrativo e percebem que, embora diga o que sente, não costuma dizer tudo… abertamente.  Prefere as entrelinhas!

 

O que vê, entretanto, permite-lhe a pergunta: o que é que fizeram a este mundo, em que é que o transformaram? A perturbadora e permanente agitação em que ferve tornou-o definitivamente desinteressante para quem nele sempre procurou viver a sua vida em paz. Estranhos e negativos sentimentos emergiram sabe-se lá de onde, alimentando comportamentos antissociais que, por sua vez, originam uma generalizada e quase descontrolada inquietação. A pacificação já não é possível (nem interessa!…) e quem, com boa intenção, procure fazê-lo, rapidamente desiste pela viva oposição movida por parte dos interesses instalados.

 

 Alguns amigos não entenderão, mas ao Alemão, no momento, só lhe resta o silêncio, o retiro onde descansa e encontra alguma paz.

 

“Quando me viam, parado e recatado, no meu invisível recanto, eu não estava pasmado. Estava desempenhado, de alma e corpo ocupados: tecia os delicados fios com que se fabrica a quietude. Eu era um afinador de silêncios.”

Mia Couto





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