HISTÓRIA Nº. 104
Paz na terra aos homens de boa
vontade. Isto é, paz para muito poucos…
“O
silêncio é um retiro; é o elemento necessário para o descanso; é um portal para
o outro mundo onde tudo se percebe, onde o ruído pede trégua e onde ficamos
mais ricos com os ensinamentos do vazio; e é no vazio do silêncio onde
encontramos a oportunidade de se escutar com os olhos para podermos educar a
alma. Psiiiiuuuuu!”
Ricardo
Fisher
A vista cansada do Alemão já
não lhe permite ver grande coisa; nem ao perto nem ao longe!
Ainda assim, o que vai conseguindo observar, mesmo que desfocado, permite-lhe
conclusões nítidas sobre o que o rodeia. Os amigos conhecem o seu estilo narrativo e percebem que, embora diga o que sente, não costuma dizer tudo… abertamente. Prefere as entrelinhas!
O que vê, entretanto, permite-lhe a pergunta: o
que é que fizeram a este mundo, em que é que o transformaram? A perturbadora e permanente
agitação em que ferve tornou-o definitivamente desinteressante para quem nele
sempre procurou viver a sua vida em paz. Estranhos e negativos sentimentos
emergiram sabe-se lá de onde, alimentando comportamentos antissociais que, por
sua vez, originam uma generalizada e quase descontrolada inquietação. A
pacificação já não é possível (nem interessa!…) e quem, com boa intenção, procure
fazê-lo, rapidamente desiste pela viva oposição movida por parte dos interesses
instalados.
Alguns amigos não entenderão, mas ao Alemão, no momento, só lhe resta o
silêncio, o retiro onde descansa e encontra alguma paz.
“Quando me
viam, parado e recatado, no meu invisível recanto, eu não estava pasmado.
Estava desempenhado, de alma e corpo ocupados: tecia os delicados fios com que
se fabrica a quietude. Eu era um afinador de silêncios.”
Mia Couto
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