HISTÓRIA Nº. 29
Quietude…
Última quarta-feira de Maio de 2018. Meio da tarde. S. Leonardo, Galafura. 640 metros acima do nível do mar. O marco geodésico junto da capela atesta ser esta a maior altitude das redondezas. Ao fundo, o Doiro. Quieto como da última vez. Será que se mexeu neste intervalo de alguns meses? A quietude que promove a paz. A lembrar o eterno poeta destes lugares, Miguel Torga:
O Alemão tem este lugar como um verdadeiro santuário de paz. Visita-o sempre que passa por perto. Como agora sucedeu. Para um banho de natureza. Sozinho. Sem ninguém a espiar-lhe os movimentos. “Haja paz desde os céus!”
Apenas uma vez por ano aquela paz é perturbada. No dia dedicado ao padroeiro, em finais de Agosto. A propósito, o Alemão lembra-se de numas férias de verão, há muitos anos, visitar o lugar-miradoiro num desses dias de festa. Tinha ainda o velho “carocha” beije, tampa do motor ligeiramente aberta por causa do aquecimento… e que lhe dava um certo ar!... No parque das merendas e um pouco por todo o lado, nas encostas, os romeiros exibiam (e comiam) os seus gordurosos e fartos farnéis. Borrego e cabrito assados, mais o inevitável arroz de forno, eram os Reis da festa. No ar o cheiro forte daquelas carnes assadas impressionava as narinas de quem não estava acostumado àqueles petiscos. Nos rostos o brilho avermelhado dos néctares da região prometia muito até à noitinha. Foguetes precediam a procissão que subia lentamente em direção ao ponto mais alto, acompanhada por uma banda filarmónica já muito pouco alinhada… na farda e nos passos. Culpa do calor!... Para trás ficara um trombonista que resistentemente tocou “puá… puá… puá…”, até cair, redondo como um tordo, sobre o "carocha", respeitosamente acostado, e exatamente sobre a tampa ligeiramente aberta e que lhe dava um certo ar!... Que agitação num só dia!
O Alemão gostaria de viver mais perto daquele miradoiro tão sublimado por Torga. Ali, apenas uma vez por ano há agitação. Todos os outros dias são de paz!...
Quietude…
Última quarta-feira de Maio de 2018. Meio da tarde. S. Leonardo, Galafura. 640 metros acima do nível do mar. O marco geodésico junto da capela atesta ser esta a maior altitude das redondezas. Ao fundo, o Doiro. Quieto como da última vez. Será que se mexeu neste intervalo de alguns meses? A quietude que promove a paz. A lembrar o eterno poeta destes lugares, Miguel Torga:
QUIETUDE
Que poema de paz agora me apetece!
Sereno,
Transparente,
A sugerir somente
Um rio já cansado de correr,
Um doce entardecer,
Um fim de sementeira.
Versos como cordeiros a pastar,
Sem o meu nome, em baixo, a recordar
Os outros que cantei a vida inteira.
In "Diário XIII"
O Alemão tem este lugar como um verdadeiro santuário de paz. Visita-o sempre que passa por perto. Como agora sucedeu. Para um banho de natureza. Sozinho. Sem ninguém a espiar-lhe os movimentos. “Haja paz desde os céus!”
Apenas uma vez por ano aquela paz é perturbada. No dia dedicado ao padroeiro, em finais de Agosto. A propósito, o Alemão lembra-se de numas férias de verão, há muitos anos, visitar o lugar-miradoiro num desses dias de festa. Tinha ainda o velho “carocha” beije, tampa do motor ligeiramente aberta por causa do aquecimento… e que lhe dava um certo ar!... No parque das merendas e um pouco por todo o lado, nas encostas, os romeiros exibiam (e comiam) os seus gordurosos e fartos farnéis. Borrego e cabrito assados, mais o inevitável arroz de forno, eram os Reis da festa. No ar o cheiro forte daquelas carnes assadas impressionava as narinas de quem não estava acostumado àqueles petiscos. Nos rostos o brilho avermelhado dos néctares da região prometia muito até à noitinha. Foguetes precediam a procissão que subia lentamente em direção ao ponto mais alto, acompanhada por uma banda filarmónica já muito pouco alinhada… na farda e nos passos. Culpa do calor!... Para trás ficara um trombonista que resistentemente tocou “puá… puá… puá…”, até cair, redondo como um tordo, sobre o "carocha", respeitosamente acostado, e exatamente sobre a tampa ligeiramente aberta e que lhe dava um certo ar!... Que agitação num só dia!
O Alemão gostaria de viver mais perto daquele miradoiro tão sublimado por Torga. Ali, apenas uma vez por ano há agitação. Todos os outros dias são de paz!...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.