sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018



HISTÓRIA Nº. 19



O Outro…


O Alemão nunca foi de muitas palavras. Poucas, muito poucas. Sempre preferiu, na maior parte das vezes, a presença segura dos silêncios. Gosta da solidão, não do isolamento. Dedica-se à observação e à consequente meditação sobre o que vê. Sem juízos. A vida moldou-o assim: poucas palavras, minuciosa observação. Feitio, dirão alguns. Medo, timidez, desconfiança, introversão, dirão outros. Ainda bem, acha ele, satisfeito por ser como é. Não teria verbo bastante para a descrição de tudo o que viu e viveu…


A sua pouca arte e engenho tem-no ajudado a conquistar caminhos de paz. É verdade que nem sempre o conseguiu. E o que conseguiu alcançou-o à custa de muita negociação leonina ao longo dos anos, desde a infância até aos dias de hoje. Sempre com muitas cedências-renúncias de que não se arrepende. Prefere ter paz a ter razão, como alguém disse…. Das poucas vezes que, na sua já adiantada idade, procurou a razão, rapidamente percebeu ter escolhido o pior caminho: exatamente o oposto da sua preferência. Lamentavelmente, concluiu, face a si, O Outro teve sempre razão!...


O Outro tem sido cruel, de uma exigência ditatorial: arrogante, egoísta, convencido, vaidoso, superior… Em todas as áreas da vida, diga-se. Entretanto, o Alemão vai gastando a vida silenciosamente, observando condescendente e, até mesmo, piedosamente tão estulto convencimento.


A vida dá muitas voltas!... Os acontecimentos mais recentes comprovam-no. O Alemão assiste hoje, muitos anos depois, ao reaparecimento de gente importante que conheceu no passado e que lhe marcaram a vida por tristes e censuráveis razões. Algumas pessoas desfilam atualmente sobre uma imensa e tortuosa passerelle, nada simpática… que não se sabe onde as levará. Provavelmente, algumas outras se seguirão…



O Alemão é de poucas, muito poucas palavras… 





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