HISTÓRIA Nº. 19
O Outro…
O Alemão nunca foi de muitas palavras. Poucas, muito poucas. Sempre preferiu, na maior parte das vezes, a presença segura dos silêncios. Gosta da solidão, não do isolamento. Dedica-se à observação e à consequente meditação sobre o que vê. Sem juízos. A vida moldou-o assim: poucas palavras, minuciosa observação. Feitio, dirão alguns. Medo, timidez, desconfiança, introversão, dirão outros. Ainda bem, acha ele, satisfeito por ser como é. Não teria verbo bastante para a descrição de tudo o que viu e viveu…
A sua pouca arte
e engenho tem-no ajudado a conquistar caminhos de paz. É verdade que nem sempre
o conseguiu. E o que conseguiu alcançou-o à custa de muita negociação leonina ao longo dos anos, desde a infância até aos
dias de hoje. Sempre com muitas cedências-renúncias de que não se arrepende. Prefere
ter paz a ter razão, como alguém disse…. Das poucas vezes que, na sua
já adiantada idade, procurou a razão, rapidamente percebeu ter escolhido o pior
caminho: exatamente o oposto da sua preferência. Lamentavelmente, concluiu,
face a si, O Outro teve sempre razão!...
O
Outro tem sido cruel, de uma exigência ditatorial: arrogante, egoísta, convencido,
vaidoso, superior… Em todas as áreas da vida, diga-se. Entretanto, o Alemão vai gastando a vida
silenciosamente, observando condescendente e, até mesmo, piedosamente tão estulto convencimento.
A vida dá muitas
voltas!... Os acontecimentos mais recentes comprovam-no. O Alemão assiste hoje, muitos anos depois, ao reaparecimento de gente importante que conheceu no passado e que lhe marcaram a vida por tristes e censuráveis
razões. Algumas pessoas desfilam atualmente sobre uma imensa e tortuosa passerelle, nada
simpática… que não se sabe onde as levará. Provavelmente, algumas outras se
seguirão…
O Alemão é de poucas, muito poucas
palavras…
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