HISTÓRIA Nº. 126
a hora de parar…
“No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse
acontecimento
na vida de minhas retinas tão
fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do
caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.”
- Carlos Drummond de Andrade
“Melhor do que começar é saber a hora
de parar” – Vitor Orlandi. Qualificando-os a todos como “Histórias”, a verdade é que os seus
modestos escritos foram sempre mais do que meros repositórios de um passado restrito
a um grupo específico de pessoas no qual se incluía. Como os amigos lembrarão,
algumas vezes, nas suas dissertações, fez desabafos pessoais sobre desilusões, desgostos
ou perdas irreparáveis ao nível de valores e princípios a que foi assistindo.
Sempre que se justificou não deixou de criticar o mundo e o comportamento da
vida em sociedade. As pedras do caminho foram endurecendo as palavras
que há sete anos eram bem mais leves, bem mais suaves…
Os seus bons amigos que, discretamente, o
acompanharam nesta longa caminhada, ficaram a conhecer, mais do que as
histórias de seres encantadores e que o Alemão carinhosamente contou, a
sua própria história. Ou seja, a parte acessível, porque, dizendo muito, nunca
disse tudo, e mesmo o que disse, em muitos momentos, fê-lo de forma
convenientemente enigmática. Como tantas vezes confessou, escrevia para si
mesmo!...
Mentalmente, já vinha antecipando
este momento. Escolheu este dia, anterior a um que lhe diz muito em cada ano (!...),
por lhe parecer o melhor como demarcador de tempos.
As cento e vinte e seis Histórias,
devidamente acondicionadas, estarão guardadas, a partir de agora, na gaveta
das suas mais gratas recordações. Quanto ao Alemão, talvez apareça por
aqui, de vez em quando, sob outro formato. Para rever os amigos, os bons amigos.
“Às vezes é preciso parar e olhar para longe, para podermos enxergar o que está diante de nós” – John Kennedy.