terça-feira, 9 de julho de 2024



HISTÓRIA Nº. 120

 

O cansaço…

 

“Confesso que ando muito cansado, sabe? Mas um cansaço diferente… um cansaço de não querer mais reclamar, de não querer pedir, de não fazer nada, de deixar as coisas acontecerem.”

- Caio Fernando Abreu

 

Reconhece já não ser capaz de, pelo menos, tentar contrariar tendências alteradoras de princípios e valores que com tanto esforço defendeu e procurou preservar. De quadrantes inesperados, imprevisíveis, novos ventos, a quem conferem o estatuto de inevitabilidade, sopram firmemente, impondo sem discussão a sua vontade, uma nova e indiscutível vontade. Outros tempos que alegram o novo mundo e os seus seguidores e entristecem os poucos que os não aceitam nem suportam. “É o que é”, diz-se em linguagem moderna!...  

 

As últimas adversidades pessoais, preocupantes, serão, segundo alguns, matéria bastante que justifica a visão desconfiada que o Alemão tem do mundo em que vive e a dureza injusta das palavras que usa nas suas exposições. Mas, cento e vinte fanecas da pedra depois, ao longo de cerca de sete anos, os seus leitores confirmarão que a denúncia da queda de princípios e valores esteve quase sempre presente naqueles humildes textos. Não é pessimismo: é desgosto. Tristemente, o mundo desmorona-se e poucos o percebem!...

 

Na verdade, esperava maior resistência em gente que viu crescer perto de si através dos anos. O ânimo generalizado parecia inacabável. “A mão no arado sem olhar para trás” era reveladora de firmeza inabalável de um dos mais belos sentimentos: amor por amor. Tempos difíceis os de hoje!...

 

Embora compreenda o prejuízo imenso causado pela exigência dos novos tempos e dos novos ventos, o Alemão, fazendo o que pode, embora pouco, não tem deixado de, com os seus desabafos escritos, exercer alguma pressão na esperança de ver redinamizado o esforço perdido e reavivado o querer enfraquecido. Oxalá consiga!

 

O pior é o cansaço!...

 

“Um supremíssimo cansaço,

Ìssimo, íssimo, issimo,

Cansaço…”

                                                                                                                                     - Álvaro de Campos 





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