HISTÓRIA Nº. 120
O cansaço…
“Confesso
que ando muito cansado, sabe? Mas um cansaço diferente… um cansaço de não
querer mais reclamar, de não querer pedir, de não fazer nada, de deixar as
coisas acontecerem.”
- Caio
Fernando Abreu
Reconhece já não ser capaz de, pelo
menos, tentar contrariar tendências alteradoras de princípios e valores que com
tanto esforço defendeu e procurou preservar. De quadrantes inesperados, imprevisíveis,
novos ventos, a quem conferem o estatuto de inevitabilidade, sopram firmemente,
impondo sem discussão a sua vontade, uma nova e indiscutível vontade. Outros tempos
que alegram o novo mundo e os seus seguidores e entristecem os poucos
que os não aceitam nem suportam. “É o que é”, diz-se em linguagem
moderna!...
As últimas adversidades pessoais, preocupantes,
serão, segundo alguns, matéria bastante que justifica a visão desconfiada que o
Alemão tem do mundo em que vive e a dureza injusta das palavras
que usa nas suas exposições. Mas, cento e vinte fanecas da pedra depois,
ao longo de cerca de sete anos, os seus leitores confirmarão que a denúncia
da queda de princípios e valores esteve quase sempre presente
naqueles humildes textos. Não é pessimismo: é desgosto. Tristemente, o mundo desmorona-se
e poucos o percebem!...
Na verdade, esperava maior resistência
em gente que viu crescer perto de si através dos anos. O ânimo generalizado parecia
inacabável. “A mão no arado sem olhar para trás” era reveladora de firmeza
inabalável de um dos mais belos sentimentos: amor por amor. Tempos difíceis os
de hoje!...
Embora compreenda o prejuízo imenso
causado pela exigência dos novos tempos e dos novos ventos, o Alemão,
fazendo o que pode, embora pouco, não tem deixado de, com os seus desabafos
escritos, exercer alguma pressão na esperança de ver redinamizado o
esforço perdido e reavivado o querer enfraquecido. Oxalá consiga!
O pior é o cansaço!...
“Um supremíssimo cansaço,
Ìssimo, íssimo, issimo,
Cansaço…”
- Álvaro de Campos
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