sábado, 24 de fevereiro de 2024




HISTÓRIA Nº. 109

 

A amizade sente-se, não se diz…

 

“Saudade é não saber.

Não saber o que fazer com os dias

Que ficaram mais compridos,

Não saber como encontrar tarefas

Que lhe cessem o pensamento,

Não saber como frear as lágrimas diante de uma música,

Não saber como vencer a dor de um silêncio

Que nada preenche.”

- Martha Medeiros

 


O Tempo, sem pressas, empurrou-o para o lugar que mais temia; o silêncio. Previra-o, sem ser adivinho. Tristes acontecimentos diminuíram-lhe o interesse que ainda o prendia à vida em sociedade, sugerindo-lhe decisões que, talvez, poucos percebam, mas que lhe asseguram alguma tranquilidade. O silêncio juntou-se à solidão. Resta, apenas, uma pequenina luz que lhe sustenta viva a esperança de algumas próximas alegrias que o ensinem a vencer a dor da postura escolhida. Na verdade, nunca teve grandes escolhas!...

 

O Alemão aprendeu muito cedo que há momentos em que as palavras atraiçoam. A sinceridade arrisca diversas interpretações, algumas delas perigosas. Sendo assim, segura as palavras, ouvindo os seus próprios pensamentos: “Tanto ruído no interior deste silêncio: são vozes dos outros a falarem em mim, pessoas de quem gostei, pessoas que perdi, gente que tenho ainda” - António Lobo Antunes, in Quarto Livro de Crónicas.

 

E por falar em gente que ainda tem, o Alemão regista sinais estimulantes da presença próxima de amigos que, como ele, percebem o desmoronamento moral e não só de tanta coisa linda que a todos felicitou no passado. Ah!, o passado, cá está ele de novo!... Ao silêncio e à solidão, junta-se agora a saudade!...

 

“Não é amigo aquele que alardeia a amizade: é traficante; a amizade sente-se, não se diz…” - Machado de Assis.





 

 

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