HISTÓRIA Nº.
109
A amizade
sente-se, não se diz…
“Saudade
é não saber.
Não
saber o que fazer com os dias
Que
ficaram mais compridos,
Não
saber como encontrar tarefas
Que
lhe cessem o pensamento,
Não
saber como frear as lágrimas diante de uma música,
Não
saber como vencer a dor de um silêncio
Que
nada preenche.”
-
Martha Medeiros
O Tempo, sem
pressas, empurrou-o para o lugar que mais temia; o silêncio. Previra-o, sem ser
adivinho. Tristes acontecimentos diminuíram-lhe o interesse que ainda o prendia
à vida em sociedade, sugerindo-lhe decisões que, talvez, poucos percebam, mas
que lhe asseguram alguma tranquilidade. O silêncio juntou-se à solidão. Resta,
apenas, uma pequenina luz que lhe sustenta viva a esperança de algumas próximas alegrias
que o ensinem a vencer a dor da postura escolhida. Na verdade,
nunca teve grandes escolhas!...
O Alemão
aprendeu muito cedo que há momentos em que as palavras atraiçoam. A sinceridade
arrisca diversas interpretações, algumas delas perigosas. Sendo assim, segura
as palavras, ouvindo os seus próprios pensamentos: “Tanto ruído no
interior deste silêncio: são vozes dos outros a falarem em mim, pessoas de quem
gostei, pessoas que perdi, gente que tenho ainda” - António Lobo Antunes, in
Quarto Livro de Crónicas.
E por falar em
gente que ainda tem, o Alemão regista sinais estimulantes da
presença próxima de amigos que, como ele, percebem o desmoronamento moral e não
só de tanta coisa linda que a todos felicitou no passado. Ah!, o passado, cá está
ele de novo!... Ao silêncio e à solidão, junta-se agora a saudade!...
“Não é amigo
aquele que alardeia a amizade: é traficante; a amizade sente-se, não se diz…” -
Machado de Assis.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.