sexta-feira, 24 de setembro de 2021

 


 



HISTÓRIA º. 73

 


Pé ante pé, em silêncio quase absoluto…

 


Pé ante pé, em silêncio quase absoluto para não ser descoberto, o Alemão continua as suas caminhadas por terrenos que tão bem conhece desde criança e que tanto ama. Neles colheu muito do que conserva religiosamente no memorial inapagável da sua existência. Preciosa coleção de valores que conserva cuidadosamente no “cofre” onde protege as suas recordações mais sagradas. Mas a paisagem mudou, talvez definitivamente! A fertilidade de outros tempos deu lugar à aridez. Da beleza que alegrava os olhos e enlevava a alma nem um pequeno vestígio. Foi-se a alegria que enriquecia o dia a dia, a vida. Sobra um enorme vazio de sentimentos revelador do empobrecimento do mundo, do seu mundo.

 

Falou muitas vezes da proximidade de uma encruzilhada. Em algumas das suas pequenas prosas, enigmáticas e tantas vezes intencionalmente indecifráveis, anunciou-o. O Alemão sabia do que falava!... Não, não era clamor profético ou adivinhação barata; era e é fruto de muita observação. Os “desvios” apontavam claramente para uma indesejada direção que acabou por se confirmar. A presente situação era, infelizmente, esperada. Mas, “os tempos são outros, as sociedades evoluem”, dizem!…

 

“Hoje vi as suas costas. Estavam demasiado pesadas. Largas – algo crucificadas”, palavras que recebeu há dias de um bom amigo. O observador também ele observado! Pesos que alguém tem de suportar, por muito que custe! Mas foi bom perceber, ou ver confirmado, que existem outros caminhantes a visitar os mesmos espaços, pé ante pé, em silêncio quase absoluto para não serem descobertos…

 

Afinal, ainda há quem ame!...




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