terça-feira, 5 de dezembro de 2017




HISTÓRIA Nº. 15


Desencanto…


Não terminou pela manhã porque foi mais do que um sonho. Não arrefeceu em poucas horas porque foi mais do que um momentâneo entusiasmo. Não desapareceu em poucos dias porque foi mais do que uma passageira dedicação. Não se apagou ao fim de um par de anos porque foi mais do que um amor de verão. Dura ainda um não sei quê que o faz fixar o olhar no futuro, aguardando o aparecimento do produto da semente lançada anos a fio. Será fé?!… Confiança no futuro? Será o amor de uma vida inteira?!…  “Ah! O amor…que nasce não sei onde, vem não sei como, e dói não sei porquê” (Luiz Vaz de Camões).

Do cume da vida onde recentemente subiu, o Alemão continua a perscrutar o horizonte, agora em busca de sinais de recuperação. Tudo enervantemente calmo. Espera, mas já não tão pacientemente como antes. A ampulheta, agora, parece deixar passar mais rapidamente os seus grãos de areia. O caminho encurta. Os dias voam. Haverá tempo ainda?!… Dói muito ver cair (ou a ser derrubado!…) o que custou tantos anos a erguer!...

O Alemão lembra-se de alguém lhe ter dito há muitos anos: - “respeita os meus servos porque amanhã vais querer que te respeitem a ti!”. E lembra-se, ainda, de ter percebido o quão importante foi essa recomendação, junto a outras, na composição da consistente e duradoura argamassa aplicada na construção de tão belo edifício.


Pena que os “novos tempos” tenham trazido novos materiais… e a possibilidade de novos cimentos; frágeis cimentos!…



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