sábado, 18 de novembro de 2017



HISTÓRIA (pequeno registo) Nº. 14

A Vitória chegou…

Novembro, ano 2017, dia 18, cerca das 23 horas. Sábado. A Vitória chegou! A cegonha pousou de mansinho na cidade do Porto, à noitinha, e, carinhosamente, depositou no seio da sua família quase quatro quilos de uma nova alegria. Vitória, versão no feminino do verdadeiro nome do Alemão. “Sê bem-vinda, neta querida, traz-nos o futuro com que sempre sonhámos e de cuja chegada duvidávamos já…”, saúda o Alemão com a esperança renovada, agora. E abençoa: “Vitória, que o Deus eterno te seja por habitação! E sê feliz!”


Hora de celebrar! 







terça-feira, 14 de novembro de 2017



HISTÓRIA Nº. 13

Não, não esperava!...

Se esperava? Não, não esperava. Apesar da riqueza de conteúdo armazenado no seu passado, e que de certo modo tem ajudado a amortecer o efeito do inesperado, o Alemão nunca se permitiu admitir sequer a ousadia de alguém pretender abalar o amor que alicerça o edifício de que tanto se orgulha e que a tantos custou a erguer. Para ele, uma das máximas da sua existência é: não se mexe no que se ama. Por isso a obrigação, instintiva, de proteger o bem que se ama. O que ninguém pode censurar…

Diz Rubem Alves, insigne escritor brasileiro, que “aquilo que o coração ama fica eterno”. O Alemão concorda. A propósito, o Alemão lembra as longínquas décadas de 60 e 70 do século passado, era ainda um aprendiz, em que, por amor, caminhava quilómetros e quilómetros a pé, com sapato furado, quase sempre sem um tostão na algibeira, em cumprimento voluntário desse mesmo amor. Diga-se em abono da verdade: não era o único. Muitos, alguns ainda vivos nos dias de hoje, faziam o mesmo ou muito mais. Por amor, muito amor. Histórias que o Alemão, se tiver tempo!…, ainda contará.

Durante anos, às sextas-feiras, ao final da tarde, fez o Alemão longas caminhadas desde a Avenida dos Aliados/Rua de Gonçalo Cristóvão, onde trabalhava, até Matosinhos, Avenida Meneres, para tocar na Igreja, dando vida ao velho harmónio a pedais (para encher os foles) que ajudava tanta gente simples, cheia de amor, a cantar Santos Hinos de Louvor a Deus. E em outros dias, também a pé, por diversos lugares, ensinava música, o pouco que sabia. E o que dizer dos inúmeros fins de semana, viajando com o seu velho acordeão sobre as pernas (o banco traseiro do Fiat 600 em que era transportado não tinha espaço para mais…) para alegrar os santos cultos nas aldeias, acompanhando homens simples, pobres, humildes, cheios de dificuldades na vida, mas que levavam com alegria e amor a Boa Nova a muitos lugares deste País. Homens a quem o Alemão nunca ouviu qualquer queixume. O que faziam, faziam por amor.


E se alguém não consegue ver com os olhos o amor aqui sublimado, então esforce-se por descobri-lo com o coração. Como bem sugeriu William Sheakespeare.




segunda-feira, 13 de novembro de 2017





HISTÓRIA Nº. 12


Os melhores do mundo…


Do cume da vida onde recentemente subiu, o Alemão continua a observar. Pensava já ter visto tudo, mas fica-lhe a impressão de que tem muito ainda para ver… mesmo não querendo.


“Gaba-te, cesta rota, que amanhã vais à vindima”. Ditado popular adequado a quem faz do auto elogio o recurso para a promoção das qualidades que tem… e, muitas vezes, das que não tem e julga ter.


“É claro que é um grande romance, fui eu quem o escreveu”, alguém do mundo das letras proclamou-o. Está no seu direito. “Sou o melhor do mundo porque trabalho para isso”, alguém do mundo do futebol proclamou-o. Está também no seu direito.  E no seu direito estarão todos os que se auto proclamam como os melhores do mundo seja lá em que área for, para além da literatura e do futebol que já estão ocupadas… “Sou o melhor ator do mundo; sou o melhor músico do mundo; sou o melhor pintor do mundo; sou o melhor…; sou o melhor…; sou o melhor… “ e assim por diante. Os outros, esses, são mera justificação da existência daqueles -  dos melhores.


 O Alemão não tem nada contra os melhores, antes pelo contrário. A sua existência é enriquecedora, naturalmente. Lamenta, isso sim, a vanglória e a auto proclamação dos talentos pessoais… de quem os julga ter e, por isso, tudo reclama para si em detrimento dos demais. E lamenta, sobretudo, que esse comportamento tenha chegado – é publico e notório - a áreas sagradas da vida. O egoísmo instalou-se. Está prejudicada a convivência humana alicerçada no amor e no respeito. Os espaços definem-se cada vez mais, com contornos bem vincados, entre os melhores e os outros…  


Como seria tudo bem diferente se os melhores do mundo fossem os melhores para o mundo!...


Mundo ao contrário, como alguém disse, em que os rios nascem no mar!...


sexta-feira, 3 de novembro de 2017



HISTÓRIA (pequeno desabafo) Nº. 11


Cada vez mais distante…


O Alemão tem andado calado. Subiu a um dos cumes da sua vida, a um dos mais dolorosos – a realidade. Corajosamente, diga-se, pois era-lhe previsível uma visão nada simpática. Mas subiu e, por agora, ainda só observa. Tirou, apenas, alguns apontamentos. Percebeu, finalmente e se calhar já muito tarde para rectificações, que o caminho que percorreu nem sempre foi seguro em si mesmo. O caminho da sua vida, diga-se, não o outro Caminho, que está acima de todos… e é Único.  Aliás, é a esse Caminho Único, e que ama sem limites, que atribui a sua protecção e conservação. A entrega do Alemão foi sempre genuína, honesta, desmedida, para além de inocente. Ponham inocência nisso: até mesmo na acumulação da idade normalmente já não dada a inocências…  

Daquele cume observa agora comportamentos que, certamente, já foram suas adversidades nos seus tempos de criança e da adolescência. Perseveram até ao dia hoje, lamentavelmente. Deslealdades, ruins imitações, aproveitamentos pessoais e egoísmos, desrespeitos… e o cruel cumprimento da afirmação da vox populi “tudo tens tudo vales, nada tens nada vales”. Pelo que, face ao “pouco” que sempre teve, apetece perguntar, daquele cume da vida:  O que pretenderam no passado e o que pretendem ainda hoje do Alemão?  

Daquele cume observa, ainda, a correria de gente em busca de algo que não percebe bem o que seja (o Alemão já está a uma certa distância na idade e nos sentimentos…). Percebe, apenas, que correm muito, atropelam, pisam, ultrapassam pelo lado contrário…

Momentos de indisfarçável desgaste. Também de alguma revolta. Contida revolta, descansem. No cume a que subiu continua a observar. O que descreveu são apenas as primeiras impressões.


Hora de pedir:  deixem o Alemão em paz!...