quinta-feira, 2 de novembro de 2023



HISTÓRIA Nº. 102

 


Oportunidade única…


 

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.

 

Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…

Quando se vê, já é 6ª. Feira…

Quando se vê, passaram 60 anos!

Agora, é tarde demais para ser reprovado…

E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,

eu nem olhava o relógio

seguia sempre em frente…

 

E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.

 

Mário Quintana

 


A vida para ele começou muito cedo. Os deveres trazidos para fazer em casa ocuparam-lhe de tal modo os dias que, como discorre o poeta, nem deu pelo tempo passar. Mas quando pensava ter já definitivamente cumpridas todas as tarefas que lhe haviam sido cometidas - por ser tarde demais para ser reprovado…-, percebeu que, ainda hoje, lhe “acrescentaram” novas matérias para resolver. As férias grandes que nunca gozou bem como os intervalos de recreio que nunca aproveitou, e que desde há algum tempo se perspetivavam, voltaram ao adiamento de sempre… Para quando?...


Dos que o conheceram no início da sua vida – começou-a cedo, como disse - poucos sobrevivem como amigos presentes, sinceros. Sempre por perto, indefectíveis compagnons de route, têm acompanhado o Alemão e são verdadeiras testemunhas do seu esforço na execução daqueles deveres trazidos para fazer em casa, e das respostas possíveis que, tantas e tantas vezes sozinho, foi conseguindo dar a todos eles. Deveres-trabalhos próprios e alheios… Tarefas a que nunca se negou, permita-se-lhe a confissão.

 

Chegado aqui, o Alemão sabe bem o significado da oportunidade única que é a passagem do homem pela terra. Percorreu já muito caminho! Quanto ao restante, sempre que possível, faz por seguir o conselho de Séneca: “apressa-te a viver bem e pensa que cada dia é, por si só, uma vida”. Vive um dia de cada vez, como agora se diz, procurando imprimir um andamento mais moderado ao movimento dos ponteiros do relógio que lhe baliza a existência, para um melhor aproveitamento do consumo da vida.

 

É que ainda há uns deveres “acrescentados” para fazer em casa!... 




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