HISTÓRIA Nº. 102
Oportunidade única…
A vida é uns deveres que nós
trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há
tempo…
Quando se vê, já é 6ª. Feira…
Quando se vê, passaram 60 anos!
Agora, é tarde demais para ser
reprovado…
E se me dessem – um dia – uma outra
oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre em frente…
E iria jogando pelo caminho a casca
dourada e inútil das horas.
Mário Quintana
A vida para ele começou muito
cedo. Os deveres trazidos para fazer em casa ocuparam-lhe de tal modo os
dias que, como discorre o poeta, nem deu pelo tempo passar. Mas quando pensava
ter já definitivamente cumpridas todas as tarefas que lhe haviam sido cometidas
- por ser tarde demais para ser reprovado…-, percebeu que, ainda hoje,
lhe “acrescentaram” novas matérias para resolver. As férias grandes
que nunca gozou bem como os intervalos de recreio que nunca aproveitou, e
que desde há algum tempo se perspetivavam, voltaram ao adiamento de sempre… Para
quando?...
Dos que o conheceram no início da sua
vida – começou-a cedo, como disse - poucos sobrevivem como amigos
presentes, sinceros. Sempre por perto, indefectíveis compagnons de route, têm
acompanhado o Alemão e são verdadeiras testemunhas do seu esforço na
execução daqueles deveres trazidos para fazer em casa, e das respostas
possíveis que, tantas e tantas vezes sozinho, foi conseguindo dar a todos eles. Deveres-trabalhos
próprios e alheios… Tarefas a que nunca se negou, permita-se-lhe a confissão.
Chegado aqui, o Alemão sabe
bem o significado da oportunidade única que é a passagem do homem pela
terra. Percorreu já muito caminho! Quanto ao restante, sempre que possível, faz
por seguir o conselho de Séneca: “apressa-te a viver bem e pensa que cada
dia é, por si só, uma vida”. Vive um dia de cada vez, como agora se diz, procurando
imprimir um andamento mais moderado ao movimento dos ponteiros do relógio que
lhe baliza a existência, para um melhor aproveitamento do consumo da vida.
É que ainda há uns deveres “acrescentados”
para fazer em casa!...
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