sábado, 29 de fevereiro de 2020




HISTÓRIA Nº. 62


Os labirintos da Vida.


Ninguém paga para entrar nem para sair. O preço a pagar vai aparecendo diluído ao longo do percurso. Modo prestacional e em qualquer moeda, segundo uma tabela cujos critérios de elaboração alguém domina. Nos avanços pelo que parece ser o bom caminho de saída… e nos recuos para recomposição da direção que se presume certa. Na hora do pânico porque a ansiedade atinge os seus limites. Na ausência de companhia capaz de tranquilizar e devolver o equilíbrio emocional. Na assustadora perceção de que não há ninguém por perto para ajudar. No reconhecimento, afinal, de que a construção do dia a dia nem sempre é fácil. Por vezes cria um indesmontável intrincado de dificuldades que envergonha, porque incapazes, os que se acham especialistas em resoluções lineares de todos os desafios.  


O Alemão lembra-se de alguns labirintos de jardim que existiam na sua infância. Na Cordoaria, por exemplo, e, sobretudo, nos Jardins do Palácio de Cristal. Sempre sozinho, experimentou-os a todos. Mas não gostou. Sensação inexplicável! A saída, meu Deus, como demorava a encontrá-la! Como respirava de alívio perante a libertação! Diversão muito adulta, demasiado profética…


Não podendo fugir-lhes, aos labirintos que não controla, o Alemão tem procurado o Guia que o isente dos preços definidos pela Tabela da Vida, ou lhe conceda algum desconto…   Assim como assim, “o caminho que você tem pela frente é mais importante do que aquele que você deixou para trás” – desconhece o autor (mensagem recebida hoje).




quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020






HISTÓRIA Nº. 61



“O escritor escreve para tentar explicar a si mesmo o que está além da sua compreensão”, Gabriel García Márquez.


Também o Alemão escreve para si mesmo, desde a adolescência. Textos muito simples, despretensiosos. Enigmáticos, por vezes. “Estados de alma”, como uma amiga lhes chamou. Pedaços de sentimentos diversos, normalmente tristes, que a vida não está para alegrias.  Retalhos incolores de uma manta que o cobre e que continua a crescer:  deceções, enganos, frustrações, desilusões, expetativas malogradas….


O Alemão desenha por palavras para melhor se observar. Expõe para melhor se entender. Mas expõe apenas para si…   Não se arruma em nenhum estilo convencional. Nem isso o preocupa. É um desalinhado quanto a algum tipo de qualificações. Procura seguir apenas o Modelo que escolheu ainda criança… Aquele que é verdadeiramente o único Modelo!


Entusiasmada e proliferando como nunca, a mensagem imparável do “salve-se quem puder” a fazer colapsar irremediavelmente a sociedade enquanto tal pela ausência de valores essenciais ao relacionamento humano. Visão pessimista sobre o mundo e uma persistente “dor que desatina sem doer” – Camões perdoe a citação!...


O Alemão escreveu para si mesmo…




segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020





HISTÓRIA Nº. 60



Mensagem amiga…



A mensagem caiu de mansinho. O leve sinal da sua chegada interrompeu, sem perturbar, o habitual silêncio meditativo dos quase sempre longos dias do Alemão. Acabava de chegar do Douro Litoral, da parte de uma boa amiga de longa data, mulher exemplar a quem não vê há muitos meses. Trazia belas respostas a perguntas que o Alemão nunca colocara a ninguém. Que maravilhoso sentimento terá motivado tal mensagem? Ou terá sido o acaso?!...


“Deus lhe conceda serenidade para aceitar o que não pode mudar e coragem para mudar o que pode mudar. Sabedoria para reconhecer a diferença!” Assim mesmo, ipsis verbis. A genuinidade de um coração entendido.


Momentos de alguma confusão mental. Dúvidas e mais dúvidas. No habitual cantinho do seu escritório doméstico, no exato momento do suave toque, o Alemão pensava na necessidade de mudar umas quantas coisas…  e na impossibilidade de o conseguir, pois o tempo não perdoa. Serenidade para aceitar o que não pode mudar?... Certamente.


“Nunca é tarde demais para mudar”, conselhos motivadores os mais frequentes na sua já pouco usada caixa postal. Percebe a intenção, que agradece. Mas, ainda que, pontualmente, possa mudar alguma situação, receia que o exercício da coragem para tal resulte em maior sofrimento pessoal e apresse a posição de não poder...


“Deus nos conceda sabedoria para reconhecer a diferença entre o poder e o não poder mudar.”


Obrigado, minha amiga do Douro Litoral.