HISTÓRIA Nº.
57
O mundo é dos
espertos…
Mentiras, ofensas, traições, humilhações, desconsiderações, desrespeitos…. Tanta matéria facilmente memorizável e que os seus autores geralmente não lembram. “Fui eu?”,
perguntam incrédulos quando interpelados. “Pode lá ser, eu nunca faria uma
coisa dessas”, inocentam-se. Memória curta? Consciência cauterizada? Espaço
cerebral programado em estranho bloqueio para o que não vale a pena registar?
O outro,
coitado, já quase não existe. Se lhe concedem por momentos a existência,
ao outro, algum interesse estará a isso subjacente. Desconfie-se.
Existência soluçante, como se o mundo lhe desse, ao outro, apenas um
pequeno espaço de aparição, de tempos a tempos. Para ser gente, pois então, mas
sem protagonismos. É que o papel principal já tem dono…
Ontem, quando
regressava a casa de mais uma viagem a Lisboa com o meu amigo de muitos e
muitos quilómetros, através da visibilidade reduzida que a chuva abundante e persistente
da Elsa provocava no para-brisas, o Alemão vislumbrou,
mais uma vez, um dos lados mais negros e mais lamentáveis da vida: o egoísmo. Trezentos
e poucos quilómetros de caminho deram-lhe algum tempo para referenciar muito do
que não deveria acontecer em sociedades que se autoproclamam justas e
preocupadas com o outro. Palavras, muitas palavras, mas só palavras… Os
sofrimentos, esses, eternizam-se. “Só acontece aos vivos”, pareceu-me
ouvir o amigo Alfredo cujo verbum realista e sempre oportuno recordo
inúmeras vezes…
Realmente, o
mundo é dos espertos…
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