terça-feira, 2 de abril de 2019









HISTÓRIA Nº. 46



A solidão da liberdade…



Que saudades do orvalho das manhãs, do cheiro da terra, do ar puro de Vila Seca! Corria pelos montes pisando caminhos que ele próprio criava ao passar. Menino amante da liberdade em solidão. Os tojos arranhavam-lhe ferozmente as pernas franzinas que os calções de então não protegiam. Ferimentos que não lhe esmoreciam o ânimo quanto a passeios futuros. Nem a ameaça das abelhas que o perseguiam e que tanto temia o afastavam daquele desígnio. Tojos e abelhas, defensores heroicos do seu território, inimigos campestres do pequeno intruso, nunca prejudicaram o seu amor àquelas terras onde era feliz, embora só. Ali o Alemão era livre! Qual o custo? Meia-dúzia de arranhões e algumas ferroadas que recursos naturais ou mesinhas ancestrais resolviam de um dia para o outro.


Nos dias de hoje vivem-se momentos de grande perturbação. Sociedade que compromete a liberdade do homem, limitando-o em tudo, até, mesmo, na prática do gesto mais simples: o de dar a mão. Mundo profundamente doente onde intervir para pacificar é arriscar-se a ser mal-entendido. Lugar de vida onde prospera a desconfiança e o egoísmo reina. Cada um por si!…


“Não se exponha Alemão”, aconselha a sensatez que lhe prescreve o silêncio e acentua-lhe a solidão… sem liberdade.


Que saudade do orvalho das manhãs!...





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