HISTÓRIA Nº. 46
A solidão da liberdade…
Que saudades do
orvalho das manhãs, do cheiro da terra, do ar puro de Vila Seca! Corria pelos
montes pisando caminhos que ele próprio criava ao passar. Menino amante da
liberdade em solidão. Os tojos arranhavam-lhe ferozmente as pernas franzinas que
os calções de então não protegiam. Ferimentos que não lhe esmoreciam o ânimo
quanto a passeios futuros. Nem a ameaça das abelhas que o perseguiam e que
tanto temia o afastavam daquele desígnio. Tojos e abelhas, defensores heroicos do seu território, inimigos
campestres do pequeno intruso, nunca prejudicaram o seu amor àquelas terras onde
era feliz, embora só. Ali o Alemão era
livre! Qual o custo? Meia-dúzia de arranhões e algumas ferroadas que recursos
naturais ou mesinhas ancestrais resolviam de um dia para o outro.
Nos dias de hoje vivem-se
momentos de grande perturbação. Sociedade que compromete a liberdade do homem,
limitando-o em tudo, até, mesmo, na prática do gesto mais simples: o de dar a
mão. Mundo profundamente doente onde intervir para pacificar é arriscar-se a
ser mal-entendido. Lugar de vida onde prospera a desconfiança e o egoísmo
reina. Cada um por si!…
“Não se exponha Alemão”, aconselha a
sensatez que lhe prescreve o silêncio e acentua-lhe a solidão… sem liberdade.
Que saudade do
orvalho das manhãs!...
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