sábado, 28 de julho de 2018










HISTÓRIA Nº. 33


Iniquidades...


O Alemão está cansado. Muito cansado. A paciência já não é o que era. Muitas vezes, substitui-a pela sujeição a um apertado controlo comportamental. Que desgasta imenso, por sinal. A sensatez da educação subordinada a um autismo arrogante de quem acha que pode tudo. Têm sempre razão. Podem tudo em nome de um estranhamente assumido merecimento… Os outros não existem. E se os deixam por momentos existir ou se os toleram, deles esperam sempre o sorriso aquiescente, a palavra humilde, o silêncio simpático…


O silêncio que a si mesmo impôs não é de todo pacífico. A força que o sustem e amordaça é segura. Tem vontade de gritar e denunciar as atuais injustiças observáveis a olho nu, por todo o lado. “Mas nem tudo se pode dizer”, aconselha-se… Egoísmos irritantes. Vaidades insuportáveis. Aproveitamentos revoltantes. E os outros?...


Estranho mundo este em que vivemos, cuja influência chegou às áreas mais bem protegidas da vida. Os muros construídos com tanto amor, dedicação, abnegação, entrega desinteressada e, muitas vezes, com grande sofrimento, estão enfraquecidos pela ação do tempo…


O Alemão recorda o clamor dos homens bons, lá pelos anos 60 e 70 do século passado. “O mundo está entrando…”, anunciavam de forma altissonante, vigorosa. Pensava-se ser aquela profecia uma referência à evolução, aliás, inevitável, da ciência e da tecnologia. Os ventos de modernidade que se aproximavam demoliriam aqueles ancestrais muros protetores erguidos com tanto sacrifício, previa-se. Mas o que tem vindo a entrar, e a destruir, conclui o Alemão, é a postura do Eu e dos seus inerentes interesses pessoais, que dispensam e desprezam a existência dos outros. Iniquidades. Até um dia…


“Por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará” (Jesus).





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