sexta-feira, 30 de agosto de 2024



HISTÓRIA Nº. 124

 

A Banda do Avô…

 

“Não é tristeza, apenas cansaço.

Afinal, são tantas as batalhas.

Não é falta de fé, é compasso de espera,

Para que aquilo em que tanto se acredita se realize.

Não é medo, é resguardo, cuidado.

Resguardo para se dispor em momentos de menos turbulência.

Não é solidão, é opção, não querer trazer ninguém para o meio do

seu “eu em confusão”.

Não é tempo perdido, é momento de reconstrução.

Porque tudo isso vai passar…

Porque de repente você volta em paz, inteiro e mais leve.

Que seja breve…”

- Jorge Luiz de Alencar Soares

 

 

“Não é tristeza, apenas cansaço”. Subtil nuance poética em missão atenuadora do sofrimento causado por um dos sentimentos mais frequentes do nosso tempo. Esforço inglório, porém: é que a tristeza dói, mas o cansaço também dói, dói sim, e muito!...

 

O cansaço chegou com a idade, inevitavelmente. As forças se foram e, agora que tão necessárias seriam, já não existem. A consciência dessa incapacidade traz a dor provocada pela decorrência da inutilidade. Acresce a dor da quase resignação para que o encaminham alguns dos impacientes desta vida, ainda que gentilmente sugerida: hora de viver os netos, seis lindas criaturas de Deus que o Alemão ama profundamente…

 

E como dói o olhar para a vida nestes dias! Impossível ficar indiferente perante o estado de degradação a que o mundo chegou, embora haja quem considere que nunca se evoluiu tanto como nestes últimos anos… Em que sentido? Qual o preço? Ver seriamente atingidos por desvalorização e desprezo princípios e valores que sempre defendeu e difundiu com a sua frágil voz através dos tempos, provoca em si uma dor profundíssima que nenhum analgésico acalma. Infelizmente, muitos dormem, ignorando o aviso divino: “Vigiai e orai para que não entreis em tentação” - Mateus, 26.

 

O Alemão faz suas as palavras que respeitosamente transcreve: “Sim, não foi fácil, caí e perdi, mas também venci. Venci o sono e o cansaço, venci o medo e a desilusão, venci a frustração e as críticas, venci a mim mesmo. Já pensei em desistir, mas continuei. Já pensei em abandonar, mas fiquei. Já cansei, mas continuei. Perder também é uma vitória. Por isso, nunca julgue alguém pelo brilho das medalhas, pelas cicatrizes da vitória, pela estante de troféus, pois você não faz ideia de quantas vezes ele já perdeu para conseguir vencer” - Wilton Lazarot

 

Já agora, só para terminar, “também temos saudade do que não existiu, e dói bastante.”  

Carlos Drummond de Andrade. 






sexta-feira, 23 de agosto de 2024



HISTÓRIA Nº. 123

 


O silêncio é uma confissão…

 


“Eu sou antes, eu sou sempre, eu sou nunca. E o que me espera é exatamente o inesperado. O que saberás de mim é a sombra da flecha que se fincou no alvo. Pois há segredos que eu não conto nem a mim mesma. O silêncio que trago em mim é a resposta ao meu mistério.”

- Clarice Lispector

 


“Não sei se sou extremamente sensível ou a vida é insuportável”, disse Vicent van Gogh, célebre pintor holandês do século XIX.  O Alemão, mais do que nunca, revê-se nesta expressão que leu hoje por mero acaso. Vive no meio dos seus silêncios, poupado nas palavras que nunca se permite, apoiado numa mudez preventiva, intencionalmente cautelosa. Gasta os dias no seu mundo com muitos anos e que lhe custou imenso a construir. Mas, apesar da prudência nos seus passos, não deixa de perceber incursões subtis, por caminhos de aparente bondade, à procura de mistérios que são só seus, unicamente seus. É o outro mundo, que o Alemão procura manter distante do seu, a movimentar-se em sua direção!...

 

No dizer de Camilo Castelo Branco “o silêncio é uma confissão”. Parece ter razão! Por isso, talvez, a manifestação de tanta criatividade nas deduções feitas pelos mais compulsivos curiosos, para lhes não chamar outra coisa… O Alemão precisa de paz!

 

E para não desiludir o esforço dos preocupados, mesmo dos sinceros, deixo-vos de seguida a confissão que explica, exatamente um mês depois de tanto silêncio, a razão de por aqui ter passado neste fim de tarde da penúltima sexta-feira de Agosto de 2024:

 

“Hoje a carência é minha.

Posso te contar um segredo?

Na verdade, uma confissão…

Senti saudades!”

                                                                                                                                                    - Torresjeh