HISTÓRIA Nº. 92
Que pena, já ninguém se entende!...
Foi sempre de poucas falas, mas a
verdade é que nunca lhe faltaram palavras, muitas palavras que sempre procurou
segurar, por antecipar a ausência de um resultado positivo junto de quem (não)
as ouvisse. Sim, é verdade, de quem (não) as ouvisse! Reservado, faltou-lhe
quase sempre a vontade de expor os seus pensamentos, os seus pontos de vista,
os seus argumentos. Interpretar com verdade o Alemão nunca será tarefa fácil
para ninguém!...
Houve sempre quem fosse mais afoito,
mais falador. Mas o tempo, grande Mestre, acabou por dar-lhe razão em matéria
de discrição. Tantas e tantas vozes poderosas se levantaram, cada uma em tom
mais audível do que as outras, num areópago desordenado, descontrolado,
procurando-se pela gritaria abafar definitivamente a múltipla concorrência.
Tanta oferta para tão pouca procura!... Que pena, já ninguém se entende!
Poucos conhecem as posições do Alemão
no imenso palco da vida. Percebe-se, todavia, que prefere a doce linguagem que surge
dos silêncios que frequenta e que lhe sossegam, talvez excessivamente, o seu
dia a dia.
Deixem-no por lá, em paz!...