sexta-feira, 27 de janeiro de 2023




HISTÓRIA Nº. 86

 


 “Sonhador desde a adolescência. Como sonhou! Encontrava no sono os sonhos com que projetava a vida. Reconhece que, anos a fio, dormiu para sonhar.”

Alemão in História sem número publicada em 20 de Setembro de 2018

 


Lá atrás, viveu o fascínio do futuro. Tantos sonhos prometedores preencheram o sono de muitas das suas noites. Nesse tempo, o relógio andava devagar e os dias, os meses e os anos eram excessivamente longos. Finalmente, o futuro sonhado chegou, mas, surpresa das surpresas, trazendo uma realidade muito diferente da expetativa alimentada. Que desilusão!...

 

Ainda bem que o entusiasmo no depois não prejudicou o aproveitamento do que lhe preencheu verdadeiramente a vida até hoje: o caminho que lhe foi proposto e que tem esforçadamente percorrido. O foco no porvir não o distraiu do dia a dia…. Amou o conselho “não vos inquieteis pois pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo (Mateus, 6-34)”.

 

Quase no final do primeiro quartel deste século, o Alemão esperava encontrar uma sociedade em progressão, ou seja, mais justa e mais evoluída do ponto de vista da relação entre os homens, onde a vida se revelasse apoiada em valores e princípios cada vez mais bem trabalhados e aperfeiçoados. Mas parece-lhe ter acontecido uma regressão que o traiu ou, pelo menos, que traiu os seus sonhos…

 

Como em tempos revelou, “há muito que o Alemão já não dorme para não sonhar” …




terça-feira, 17 de janeiro de 2023



HISTÓRIA Nº. 85

 

 

“Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco e depois se desvanece.

Tiago, 4-14”

 

Inúteis, para muitos. Poucos as leem. As “nossas” memórias vão-se desvanecendo como se a tinta da pena que as escreveu perdesse a cor passados tantos anos. As boas e as más, conjunto de valiosíssimos registos que se apagam ingloriamente. Livro já não procurado, páginas e páginas repletas de textos compostos por palavras que se encavalitavam em busca de um qualquer espaço que as eternizasse e que já ninguém considera. De repente, um estranho e doloroso vazio. O apagamento de tanta riqueza acumulada, a desvalorização. O livro-diário do tempo, que chegou a ter honras de documento pessoal e intransmissível, volta a ter as suas páginas vazias. Quem as reescreverá?...

 

Os “novos tempos” não concedem nem grande tempo nem grande espaço para a meditação e para a conservação do passado, sobretudo o de maior significado na formação de cada ser. O “Alemão” compreende, mas lamenta tristemente! Não, não é saudosismo doentio despertado pelo cinzentismo invernoso do dia de hoje, é sim o resultado de perceber que a cada dia mais se perde de vista o alicerce sobre o qual se foi construindo a habitação de uma vida, o ser. Quem não lembra, esquece!...

 

Quem conhece o “Alemão” e às subtilezas das suas despretensiosas prosas, sabe que encontrará neste simples texto a mensagem reveladora do quanto ele quer bem aos seus amigos, a todos os seus amigos.

 

Sejam felizes!...