segunda-feira, 18 de novembro de 2019





HISTÓRIA Nº. 55



O Alemão emudeceu, definitivamente…



Construiu-se em silêncios a que não pôde nunca dar voz. Quantas vezes o desejou fazer, mas diversos medos lhe tolheram essa liberdade. Os medos de ferir, de melindrar, de magoar e, sobretudo, o de errar… lhe emparedaram o caminho apertado que percorre desde sempre. Também a sua timidez não ajudou em muitas ocasiões, colocando-o sempre em desvantagem perante poderes alheios que nunca ousou desafiar. Sempre muitos e fortes, estranhamente. Tudo isto em nome do bem-estar dos outros.


Palavras contidas e retidas uma vida inteira. Conhece-se o suficiente para afirmar que nunca as dirá. Sempre preferiu a insinuação didática. Que resultou em alguns, diga-se. Mas que o egoísmo e ambição de outros preferiu ignorar ou reverter a seu favor. O simples esboço de algum gesto mais defensivo foi tido como arrogância, convencimento ou uso abusivo de um direito que nunca lhe permitiram exercer: o de gozo e de direção da sua própria vida. A velha história do “preso por ter cão…”.


O Alemão emudeceu, definitivamente. Cansado das limitações impostas por uma sociedade que sempre o sujeitou, ou pretendeu sujeitar, tem procurado ultimamente descobrir espaços de paz compatíveis com cada momento da sua vida. Em nome do seu bem-estar, se ainda for a tempo…, mas sem rejeitar o que de importante, e vindo de longe, lhe enriqueceu e enobreceu a existência.


Descansem. Os amigos sabem que não foi nem prata nem ouro…






1 comentário:

  1. Dá vontade de recordar frases de Fernando Pessoa:

    Somos quem não somos, e a vida é pronta ou triste.

    Feliz quem não exige da vida mais do que ela espontaneamente lhe dá.

    Vivo sempre no presente. O futuro não o conheço. O passado já não o tenho.

    Mas como há quem ache que conhece o futuro, deixo o link sobre a conquista da imortalidade:

    https://www.youtube.com/watch?v=KGD-7M7iYzs

    J Alberto Allen

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