O descanso do
Alemão…
Chegou
finalmente o calor! Ansiosamente aguardado, diga-se. Depois de meses e meses de
maior recolhimento doméstico por causa do frio e da chuva, a situação mudou. A
baixa da cidade confirma-o. E os sinais são diversos. A mudança do traje pesado
para o mais leve, leve… As esplanadas a abarrotarem
de gente. As escapadinhas que muitos aproveitam e bem. A alegria voltou para
muitos. A vida são dois dias…. Viva o Sol! Viva a Liberdade! Viva a Vida!
Do lugar de onde
observa o dia a dia, à distância, o Alemão
acompanha toda esta agitação temporal e tenta perceber porque será que as
esplanadas e as escapadinhas já não o seduzem. Num tempo em que tanto se
aconselha a convivência e a proximidade entre as pessoas, o Alemão percebe, com tristeza, que
caminha em sentido contrário. Velhice precoce? Deceções? Desconfianças?
Incompreensões? Cansaço?...
O Alemão sempre foi reservado. Tímido e de
poucas palavras, foi suportando as investidas da vida sem grandes cuidados
defensivos. Tudo boa gente, pensava. E mesmo quando alguém o magoava, não
respondia pelo receio de ofender.... Consolidada
desta forma a sua personalidade, já não vai a tempo de a mudar. Tem vindo a colecionar experiências que, na
fase da vida em que se encontra, lhe recomendam um determinado e inevitável
caminho…
Deve ser
cansaço, sim, muito cansaço acumulado, concluiu o Alemão. Não no corpo, até porque não cumpre os conselhos de
atividade física que alguns experts
lhe recomendam. E, sempre que pode, não dispensa a sesta após o almoço que
aprendeu e apreendeu a partir da aposentação. Será então na alma? Ou no
espírito? As áreas interrogadas o Alemão
não se atreve a tentar sequer analisá-las. Pelo menos por agora. Embora perceba
que é por aí que se esconde e manifesta o cansaço que o assola. Chegado aqui, não
tem dúvidas de que precisa dar descanso ao que, dentro de si, dele tanto precisa. E o Alemão sabe onde O encontrar…
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