domingo, 11 de junho de 2017

História 2




HISTÓRIA Nº. 2


Cidade de Braga, fim de tarde, num bairro social, pequeno espaço, mais de 30 graus de temperatura ambiente. Berta, invisual, mulher de meia-idade em corpo de menina, muito sofrida, percebia-se. Chorava de tão revoltada pela partida que a vida lhe pregou, pensava eu. Esperava no corredor do pequeno salão-igreja pela sua vez de participar na Santa Ceia, apoiada num ombro amigo e acariciada por mãos carinhosas de quem a conduzia. Participou em lágrimas. Depois, voltou ao seu lugar, calmamente.

No fim, despedi-me de Berta com as minhas melhores palavras, de ocasião: “Deus enxugue essas lágrimas de tristeza, confortando-a com o que deseja”. “Mas não chorava de tristeza”, disse-me quase em modo de repreensão, “manifestava sim a minha alegria por Deus me permitir participar mais uma vez, neste ano, de tão maravilhoso Serviço. E como me senti feliz por tão maravilhosa dádiva!” O meu rosto não terá escondido a expressão da vergonha que senti, mas que ela não viu.  Depositei-lhe na face o meu carinhoso beijo. Com enorme admiração.


Deu-me que pensar…   Bem-haja, minha amiga Berta!



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