domingo, 1 de novembro de 2020

 



HISTÓRIA Nº. 68

 

É tarde, muito tarde…

 

Palavras mudas, ora claras ora enigmáticas. O Alemão discursa desabafos. A força do momento – manhã do primeiro dia de Novembro, ano 2020, sob a influencia de uma ameaça única, imprevisível – acentuou-lhe a saudade e trouxe-lhe à memória recordações de múltiplos sabores. Doces e amargos… 

 

A vida prescreveu-lhe silêncios sobre silêncios. Ainda novo, com fortes cordas lhe prendeu a voz. Nós indesatáveis de tão apertados. Quase desaprendeu totalmente de falar…  Reaprender, agora, é tarde, muito tarde!

 

Nunca esquecerá a forma como venceu os seus anos até hoje. E já são muitos. Quase sempre sem presença, que lha não permitiam. Aliás, nunca percebeu a razão de tanta reserva a seu respeito, de tratamento tão especial: o afastamento. Melhor, nunca quis perceber, não fosse desiludir-se...  Obstáculos e mais obstáculos tornaram o seu caminho sempre muito apertado, onde o equilíbrio foi um verdadeiro milagre. Tão reduzido espaço tornou-o gestor e beneficiário do “pouco com Deus…”. Daí a agudeza da observação que o Alemão desenvolveu em vez da força da palavra… que enfraqueceu. Não é homem de guerras…

 

A superioridade e arrogância pensava-as, se não eliminadas, pelo menos, neste momento, desativadas, dando lugar à solidariedade e ao amor ao próximo, valores imprescindíveis no dia a dia da humanidade. Mas, - surpresa das surpresas, ou talvez não -, continuam bem vivas. Que ruído! Que confusão! Como em tempos passados que o Alemão recorda, tantos senhores do mundo, do seu mundo, procurando afirmação. Sabem tudo e de tudo… e dissertam sobre tudo, acrescentando aflição às aflições já existentes. Colecionadores de vaidades, buscadores de honrarias mesmo em tempos de miséria. Afinal, qualquer tempo é tempo…

 

Pobre mundo este, meu Deus!