HISTÓRIA Nº.
68
É tarde,
muito tarde…
Palavras mudas,
ora claras ora enigmáticas. O Alemão discursa desabafos. A força do
momento – manhã do primeiro dia de Novembro, ano 2020, sob a influencia de
uma ameaça única, imprevisível – acentuou-lhe a saudade e trouxe-lhe à
memória recordações de múltiplos sabores. Doces e amargos…
A vida
prescreveu-lhe silêncios sobre silêncios. Ainda novo, com fortes cordas lhe prendeu
a voz. Nós indesatáveis de tão apertados. Quase desaprendeu totalmente de falar… Reaprender, agora, é tarde, muito tarde!
Nunca esquecerá
a forma como venceu os seus anos até hoje. E já são muitos. Quase sempre sem presença,
que lha não permitiam. Aliás, nunca percebeu a razão de tanta reserva a seu
respeito, de tratamento tão especial: o afastamento. Melhor, nunca
quis perceber, não fosse desiludir-se... Obstáculos e mais obstáculos tornaram o seu
caminho sempre muito apertado, onde o equilíbrio foi um verdadeiro milagre. Tão
reduzido espaço tornou-o gestor e beneficiário do “pouco com Deus…”. Daí
a agudeza da observação que o Alemão desenvolveu em vez da força da palavra…
que enfraqueceu. Não é homem de guerras…
A
superioridade e arrogância pensava-as, se não eliminadas, pelo menos, neste
momento, desativadas, dando lugar à solidariedade e ao amor ao próximo, valores imprescindíveis no dia a dia da humanidade. Mas, - surpresa
das surpresas, ou talvez não -, continuam bem vivas. Que ruído! Que confusão! Como
em tempos passados que o Alemão recorda, tantos senhores do mundo, do
seu mundo, procurando afirmação. Sabem tudo e de tudo… e dissertam sobre tudo, acrescentando
aflição às aflições já existentes. Colecionadores de vaidades, buscadores de honrarias
mesmo em tempos de miséria. Afinal, qualquer tempo é tempo…
Pobre mundo
este, meu Deus!