sexta-feira, 23 de agosto de 2019








HISTÓRIA Nº. 50



Assim Deus o ajude!...



Por onde anda o Alemão, que ninguém o vê? Pergunta-se por aí insistentemente. A verdade é que, nesta sua ausência, nunca esteve tão presente…. Acreditem.


Cinquenta fanecas morderam o anzol desde 2017. Cozinhou-as e serviu-as carinhosamente. Bem passadas, malpassadas, alimentou-se com contos e desabafos escritos que doutra forma dificilmente tornaria públicos. Mas, de há uns tempos a esta parte, o mar deixou de estar para peixe… Quem sabe se num destes dias um novo cardume passará por perto, nos baixios deste mar em que se encontra mais ou menos atolado. O Alemão não desaproveitará a oportunidade, promete. 


O Alemão tem andado por aí a fechar caminhos velhos da sua vida, inúteis, intransitáveis. Para abrir caminhos novos? Não, não. Há muito percebeu ser esse trabalho uma perda de tempo. Já não vale a pena. Por diversas razões, dececionantes razões. Mantém abertos apenas os que lhe são suficientes para o resto da viagem. Assim Deus o ajude!...   


Aquela trabalhosa e delicada tarefa tirou-lhe tempo e, garantidamente, diminuiu-lhe o já pouco engenho e a arte nesta coisa de escrever para si mesmo e que outros, gentilmente, sobretudo amigos, foram lendo. Reconhece que o descanso que já há alguns anos não prescreve a si mesmo lhe é agora imposto pela própria vida. Ninguém é de ferro. Afinal todos merecem parar um pouco. “Vá descansar uns dias”, recomendaram-lhe ultimamente alguns amigos, de forma insistente.  O Alemão sempre sorriu perante tão bondosa sugestão. E recorda a expressão de um bom amigo que já não está por cá: “alguém tem que trabalhar!”


O Alemão voltará, assim Deus o ajude.