terça-feira, 21 de agosto de 2018









HISTÓRIA Nº. 34



A folha de papel em branco…



Companheira de muitos dias. Fiel folha de papel onde já não cabem mais palavras. Cheia de dizeres. Nas linhas e, sobretudo, nas entrelinhas. Documento precioso. Em branco, para os que a sabem ler… Palavras que, como o vento, se deslocam em diversas direções e fazem mover e desenvolver, em silêncio, sentimentos nem sempre bons, lamentavelmente. São como o vento que “assopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai” (João, 3-8).


O silêncio, sempre ele, “é um amigo que nunca trai”. Por isso é o elemento com maior presença no texto escrito naquela folha em branco. O Alemão prefere as palavras escritas às faladas. Disse o que pôde e o que quis àquela folha de papel em branco, fiel companheira de alguns dias. Paciente, gentil, tolerante, condescendente, amiga, respeitadora, leal, sigilosa, ela registou solenemente tudo o que ouviu. Sem esquecer uma só palavra…


A linguagem usada naquele longo texto revela um dialeto que o Alemão escolheu com algum cuidado por imaginar que poucos o entenderão. E embora pareça estranho, a verdade é que o Alemão já não quer ser compreendido… Sempre que o desejou, não foi feliz nos resultados!


Aquela folha de papel, cheia de tudo e de nada, tem sido a melhor companhia dos últimos tempos. Uma espécie de poço onde o Alemão lança os seus desabafos… sem o risco de lhe serem devolvidos com algumas estranhas distorções.


Como uma folha de papel em branco pode ser também uma grande amiga!...