HISTÓRIA Nº. 34
A folha de papel em branco…
Companheira de
muitos dias. Fiel folha de papel onde já não cabem mais palavras. Cheia de
dizeres. Nas linhas e, sobretudo, nas entrelinhas. Documento precioso. Em
branco, para os que a sabem ler…
Palavras que, como o vento, se deslocam em diversas direções e fazem mover e
desenvolver, em silêncio, sentimentos nem sempre bons, lamentavelmente. São
como o vento que “assopra onde quer, e
ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai” (João, 3-8).
O silêncio,
sempre ele, “é um amigo que nunca trai”. Por
isso é o elemento com maior presença no texto
escrito naquela folha em branco. O Alemão
prefere as palavras escritas às faladas. Disse o que pôde e o que
quis àquela folha de papel em branco, fiel companheira de alguns dias.
Paciente, gentil, tolerante, condescendente, amiga, respeitadora, leal,
sigilosa, ela registou solenemente tudo o que ouviu. Sem esquecer uma só
palavra…
A linguagem
usada naquele longo texto revela um
dialeto que o Alemão escolheu com
algum cuidado por imaginar que poucos o entenderão. E embora pareça estranho, a
verdade é que o Alemão já não quer
ser compreendido… Sempre que o desejou, não foi feliz nos resultados!
Aquela folha de
papel, cheia de tudo e de nada, tem sido a melhor companhia dos últimos tempos.
Uma espécie de poço onde o Alemão
lança os seus desabafos… sem o risco de lhe serem devolvidos com algumas
estranhas distorções.
Como uma folha de papel em branco pode ser
também uma grande amiga!...